Quando sentes o teu espaço invadido, quando sentes que quase respiram por ti, que caminhas numa rua tão estreita que o teu olhar roça nas paredes!
Não é fácil pedir para seres tu, para víveres contigo.
Todos te olham mas ninguém te observa, custas a respirar, tens dificuldade em caminhar, não é fácil, não seres tu dentro de ti.
Olhas para o oceano, que te guia ao infinito, as ondas respondem ao teu chamamento, e borbulham numa dança repetitiva, de sucessivos olás e adeus.
Queres mais que isso, queres sentir, que fazes parte daquele oceano, que podes envolver o teu corpo nu nas ondas, e cair na areia, que se quiseres podes ficar ali para sempre, tu o mar, o mar e tu!!
Não vale a pena resistir ao chamamento do mar, o mar que é vida, o mar que te leva e te liberta de sentimentos confusos, que te trás de volta e te faz sorrir, abraçada à areia fina.
Caminho pelas ruas, estreitas com a outra metade do meu ser, com as mãos tremolas e o pensamento vazio, despojado de tudo, ou quase tudo!!!
Caminho pensando no fim, na volta, no sorriso na lágrima.
Caminho sem espaço, caminho sem ar, caminho sem mim, mas sinto que o mais importante é caminhar!!
Existem olhos que não vêm mas choram, tal como existem caminhadas de um só lugar. Tens o coração magoado e guardas essa dor só para ti, guardas as palavras, guardas os suspiros, os pensamentos ficam fechados no teu casulo! Tens vontade de gritar, mas falas baixinho, tens vontade de explodir, e apenas libertas um sorriso. A tua dor pode ser infinita, como tudo aquilo que podes alcançar, mas arranjas sempre um canto dentro de ti, onde ela possa adormecer, como adormecidos estão os teus sentidos. Caminhas sozinho, tu e a tua dor, tu e o teu olhar, tu e apenas tu... Pareces perdido no meio de um oceano de dor, tanta gente a tua volta, tanta palavra, inúmeras histórias, das quais tu apenas és mais uma vírgula. Será que algum dia, alguém vai ouvir os teus gritos, como poderão ouvir se eu grito para dentro, gosto de falar, falo como se não existisse amanhã, falo e deixo sair um sorriso forçado, para me aconchegar perto de quem está bem, como se esse alguém fosse o meu ninho num di
Comentários