Estava habituado a olhar de cima para baixo, a ter tudo, a respirar o ar que me recusava a distribuir por todos e a obrigar os outros a viver como eu queria que vivessem.
Eu era o maior o mais importante, o que dava as ordens. Gostava de sentir que todos me obedeciam, gostava de poder partir e obrigar os outros a ficarem, gostava de os pisar e repisar, para mim de nada eram importantes os seus sentimentos, as suas dores e mágoas.
Para mim nunca existiram tormentos, pensamentos tenebrosos, nuvens carregadas, pois eu era dono de tudo e de todos. O meu corpo, o meu corpo era uma escultura divina, boa demais para que alguém lhe tocasse, alguém que eu não quisesse, que eu não ordenasse!!!
Sempre tive tudo do melhor, palácios, carros de topo e era tão fácil apanhar um avião, como o comum mortal um autocarro.
Quando me perco por esses pensamentos, vejo que lá no fundo não fui nada. Todos os que sorriam para mim, lá no fundo riam-se de mim, todos os que me esticavam a mão, esperavam receber algo em troca. Não tenho mulher, não tenho filhos, não tenho nada, pois nunca tive tempo para pensar nisso. Mas...será que alguma vez tive alguma coisa???? Será que tive alguém, que fui alguém, ou simplesmente um verbo de encher??
Hoje estou aqui, ao virar da esquina, esquina que me transforma num homem invisível, numa pedra da calçada. Agradeço tudo, pois não tenho nada, até a minha sombra teima em não aparecer, devido à minha extrema magreza.
Muitas vezes me pergunto, o que é ter tudo???
Ter tudo é saber nunca colocar um fio, a separar-nos daqueles que não têm nada, é saber partilhar, é saber apreciar os olhos de quem está próximo e desvendar os seus males, e ajudar antes dele mesmo, descobrir que precisa. Ter tudo é saber não ter nada, é viver na esquina e ser rei, é saber aceitar a migalha e partilhar com o pombo...
Eu era o maior o mais importante, o que dava as ordens. Gostava de sentir que todos me obedeciam, gostava de poder partir e obrigar os outros a ficarem, gostava de os pisar e repisar, para mim de nada eram importantes os seus sentimentos, as suas dores e mágoas.
Para mim nunca existiram tormentos, pensamentos tenebrosos, nuvens carregadas, pois eu era dono de tudo e de todos. O meu corpo, o meu corpo era uma escultura divina, boa demais para que alguém lhe tocasse, alguém que eu não quisesse, que eu não ordenasse!!!
Sempre tive tudo do melhor, palácios, carros de topo e era tão fácil apanhar um avião, como o comum mortal um autocarro.
Quando me perco por esses pensamentos, vejo que lá no fundo não fui nada. Todos os que sorriam para mim, lá no fundo riam-se de mim, todos os que me esticavam a mão, esperavam receber algo em troca. Não tenho mulher, não tenho filhos, não tenho nada, pois nunca tive tempo para pensar nisso. Mas...será que alguma vez tive alguma coisa???? Será que tive alguém, que fui alguém, ou simplesmente um verbo de encher??
Hoje estou aqui, ao virar da esquina, esquina que me transforma num homem invisível, numa pedra da calçada. Agradeço tudo, pois não tenho nada, até a minha sombra teima em não aparecer, devido à minha extrema magreza.
Muitas vezes me pergunto, o que é ter tudo???
Ter tudo é saber nunca colocar um fio, a separar-nos daqueles que não têm nada, é saber partilhar, é saber apreciar os olhos de quem está próximo e desvendar os seus males, e ajudar antes dele mesmo, descobrir que precisa. Ter tudo é saber não ter nada, é viver na esquina e ser rei, é saber aceitar a migalha e partilhar com o pombo...
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