Chuvia, as minhas pernas cansadas ainda pendiam e tropeçavam uma nas dificuldades da outra. As pedras pareciam ter vida, os seus braços agarravam os meus pés, e cada passo era uma luta igual àquela que eu travava com os meus pensamentos.
A minha vida estava mais emaranhada que a mais complexa teia de aranha, não conseguia pensar uma simples sequência de lembranças que me fizessem sorrir. A pouco e pouco alguns metros de rua iam ficando para trás.
Não queria estar ali, a ser alimentada pelos sorrisos, pelas palavras vazias, pelas sequências intermináveis de palavras tolas de um parvo qualquer.
Não posso esconder o sentimento forte que me prende, tento lutar para as lágrimas não caírem em trambolhões dos meus olhos que teimam em não desviar dos olhos dele.
Não sei o que me prende aqui, não sei ou tento acreditar que não sei. O meu coração, sim esse tolo, que se apaixonou pelo coração errado, um coração que não caminha sozinho, um coração bonito, amigo mas, tolo.
Digo tolo porque me farto de o tentar acordar, para que ele sinta o amor que brota pelos poros do meu corpo.
Digo tolo porque quero acreditar que ele sente o mesmo mas foge de mim, como o diabo da cruz.
Digo tolo porque eu vou partir e não vou olhar para trás, digo tolo porque sei que ele vai sofrer.
Depois, depois não sei, porque apesar da dificuldade em caminhar, já estou longe demais!!!
Apesar da noite estar quente, eu sentia o corpo a tremer com frio. Ao longe as ondas do mar dançam a sua própria melodia. Dançar como eu adoro dançar mas...tudo em mim parece preso, desgastado. O meu coração deambula dentro de mim, sem encontrar caminho nem alguém, que o faça bater ao mesmo ritmo. Não gosto destas acelerações que as paixonetas lhe dão, num momento tenho o mundo, no outro o vazio! Não gosto de estar só, quando tenho um coração do tamanho do mundo, cheio de tudo e de nada. A vida está a passar por mim e eu não quero isso, quero ser eu a passar por ela. Quero ser eu a comandar o meu destino, quero ser eu a agarrar os remos, quero ser eu a convidar quem eu quero, para entrar no meu barco. Não gosto de usar muita roupa, sou obrigada pelo meu corpo tremulo e descoordenado.Dou por mim a dançar, os meus braços estão livres o meu cabelo envolve os meus ombros, sinto a tua presença, sinto o teu cheiro, oiço o teu sorriso alegre e feliz, sinto as tuas mãos a envolver as minh...
Comentários