Chuvia, as minhas pernas cansadas ainda pendiam e tropeçavam uma nas dificuldades da outra. As pedras pareciam ter vida, os seus braços agarravam os meus pés, e cada passo era uma luta igual àquela que eu travava com os meus pensamentos.
A minha vida estava mais emaranhada que a mais complexa teia de aranha, não conseguia pensar uma simples sequência de lembranças que me fizessem sorrir. A pouco e pouco alguns metros de rua iam ficando para trás.
Não queria estar ali, a ser alimentada pelos sorrisos, pelas palavras vazias, pelas sequências intermináveis de palavras tolas de um parvo qualquer.
Não posso esconder o sentimento forte que me prende, tento lutar para as lágrimas não caírem em trambolhões dos meus olhos que teimam em não desviar dos olhos dele.
Não sei o que me prende aqui, não sei ou tento acreditar que não sei. O meu coração, sim esse tolo, que se apaixonou pelo coração errado, um coração que não caminha sozinho, um coração bonito, amigo mas, tolo.
Digo tolo porque me farto de o tentar acordar, para que ele sinta o amor que brota pelos poros do meu corpo.
Digo tolo porque quero acreditar que ele sente o mesmo mas foge de mim, como o diabo da cruz.
Digo tolo porque eu vou partir e não vou olhar para trás, digo tolo porque sei que ele vai sofrer.
Depois, depois não sei, porque apesar da dificuldade em caminhar, já estou longe demais!!!
Existem olhos que não vêm mas choram, tal como existem caminhadas de um só lugar. Tens o coração magoado e guardas essa dor só para ti, guardas as palavras, guardas os suspiros, os pensamentos ficam fechados no teu casulo! Tens vontade de gritar, mas falas baixinho, tens vontade de explodir, e apenas libertas um sorriso. A tua dor pode ser infinita, como tudo aquilo que podes alcançar, mas arranjas sempre um canto dentro de ti, onde ela possa adormecer, como adormecidos estão os teus sentidos. Caminhas sozinho, tu e a tua dor, tu e o teu olhar, tu e apenas tu... Pareces perdido no meio de um oceano de dor, tanta gente a tua volta, tanta palavra, inúmeras histórias, das quais tu apenas és mais uma vírgula. Será que algum dia, alguém vai ouvir os teus gritos, como poderão ouvir se eu grito para dentro, gosto de falar, falo como se não existisse amanhã, falo e deixo sair um sorriso forçado, para me aconchegar perto de quem está bem, como se esse alguém fosse o meu ninho num di
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