Estou a dormitar...
Ao longe oiço pingar, um ruído estranho e que não me deixa entrar num sono profundo.
Quando me levanto, vejo que estou mergulhada nos meus próprios pingos, de sangue, de dor, de inexistência, de perda, de tudo e de nada.
Quanto mais me tento limpar, mais suja fico, como é possível sair tanta coisa de um corpo, que secou em poucos minutos...
Não quero ver, não quero ouvir, não quero sentir, não quero nada, não quero ninguém que possa ter, apenas quero o que perdi...
Onde estás???
Dá-me a tua mão, puxa-me para perto de ti.
Quero ouvir o som que ouvi pela primeira vez, quando sujo de mim te aconchegaste no meu peito, quero que chores, que grites, para eu te poder ajudar, para eu tua mãe te poder salvar.
Como???
Porquê???
Eu estive uma vida inteira alerta, e agora...tu tinhas as tuas próprias armas, que eu afiei ao longo destes anos e...
Filho, sempre te ensinei que nunca se deve desistir sem uma boa luta, sem um grito de guerra, e quando a batalha é difícil, devemos sempre ter alguém ao nosso lado. E eu estava ali, eu estava sempre ali...porquê???
Não sei se tens frio, se choras, ou se pensas em mim.
Sinto que estas perto mas onde, onde é esse perto tão distante?
Se me consegues ver, olha para os meus olhos e lembra-te do que dizias sobre eles, que eu era linda e que adoravas o meu sorriso.
Agora já não tenho nada disso, tudo secou dentro de mim!!!
Ainda me recordo das longas horas que passavas a mexer nos meus cabelos, e dizias que querias ser lindo como eu...e conseguiste.
Mas agora, estou um trapo um reflexo triste do que era, um mar de dor e de desejo que voltes.
Gosto de ir para a praia, nas poucas forças que me restam e olhar para o mar. Sentir aquele cheiro salgado que tinha a tua pele, aquele sabor a vida, sempre a chegar e nunca a partir.
Vou ter que aprender novamente a andar, a comer, e depois ao fim de algum tempo a sorrir, será que estes olhos de mãe, conseguirão um dia sorrir, espero que sim, pois o nosso passado... merece que me recorde dele com um sorriso!!!
Nelson Ramgi Brito
#OlhosdeMãe
Ao longe oiço pingar, um ruído estranho e que não me deixa entrar num sono profundo.
Quando me levanto, vejo que estou mergulhada nos meus próprios pingos, de sangue, de dor, de inexistência, de perda, de tudo e de nada.
Quanto mais me tento limpar, mais suja fico, como é possível sair tanta coisa de um corpo, que secou em poucos minutos...
Não quero ver, não quero ouvir, não quero sentir, não quero nada, não quero ninguém que possa ter, apenas quero o que perdi...
Onde estás???
Dá-me a tua mão, puxa-me para perto de ti.
Quero ouvir o som que ouvi pela primeira vez, quando sujo de mim te aconchegaste no meu peito, quero que chores, que grites, para eu te poder ajudar, para eu tua mãe te poder salvar.
Como???
Porquê???
Eu estive uma vida inteira alerta, e agora...tu tinhas as tuas próprias armas, que eu afiei ao longo destes anos e...
Filho, sempre te ensinei que nunca se deve desistir sem uma boa luta, sem um grito de guerra, e quando a batalha é difícil, devemos sempre ter alguém ao nosso lado. E eu estava ali, eu estava sempre ali...porquê???
Não sei se tens frio, se choras, ou se pensas em mim.
Sinto que estas perto mas onde, onde é esse perto tão distante?
Se me consegues ver, olha para os meus olhos e lembra-te do que dizias sobre eles, que eu era linda e que adoravas o meu sorriso.
Agora já não tenho nada disso, tudo secou dentro de mim!!!
Ainda me recordo das longas horas que passavas a mexer nos meus cabelos, e dizias que querias ser lindo como eu...e conseguiste.
Mas agora, estou um trapo um reflexo triste do que era, um mar de dor e de desejo que voltes.
Gosto de ir para a praia, nas poucas forças que me restam e olhar para o mar. Sentir aquele cheiro salgado que tinha a tua pele, aquele sabor a vida, sempre a chegar e nunca a partir.
Vou ter que aprender novamente a andar, a comer, e depois ao fim de algum tempo a sorrir, será que estes olhos de mãe, conseguirão um dia sorrir, espero que sim, pois o nosso passado... merece que me recorde dele com um sorriso!!!
Nelson Ramgi Brito
#OlhosdeMãe
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